A Reunião das Siglas: Quando o GEO Chegou se Achando

28/09/2025

Uma história sobre ego, evolução e por que trabalho em equipe sempre vence modismos

A sala de reunião da AgênciaDigital Corp estava em seu habitual caos matinal. O café ainda fumegava nas xícaras quando as principais siglas do marketing se acomodaram em suas cadeiras de sempre.

SEO chegou primeiro, como de costume. Veterano de mil batalhas algorítmicas, carregava sua pasta de couro gasta e um ar levemente irritado – havia acordado com mais um email sobre "a morte do SEO" em 2025.

- Bom dia, pessoal. Espero que hoje não apareça mais nenhum profeta do fim dos tempos - resmungou, ajustando os óculos enquanto revisava seus relatórios de tráfego orgânico.

UX entrou logo depois, impecável como sempre, carregando seu tablet e uma xícara de chá verde.

- SEO, querido, você precisa relaxar. A mudança é natural. O importante é manter a experiência do usuário no centro de tudo - disse, organizando metodicamente seus post-its coloridos na mesa.

SEM irrompeu pela porta com sua energia característica, checando o smartphone e falando alto:

- Galera! Viram os números de engagement da campanha de ontem? Bombeeeei! E aí, SEO, ainda brigando com os robôs do Google? - provocou, com um sorriso maroto.

ROI entrou silenciosamente, como sempre, direto ao ponto:

- Bom dia. Vamos começar? Tempo é dinheiro, e vocês sabem que eu só me interesso por conversões e ROAS. Alguém tem dados concretos para apresentar hoje?

Os quatro estavam se acomodando quando a porta se escancarou dramaticamente.

Entrou GEO.

Jovem, vestindo uma camiseta com estampa holográfica "AI-First" e tênis que pareciam ter saído direto de uma nave espacial. Carregava um laptop ultrafino e um sorriso prepotente que irritou SEO instantaneamente.

- E aí, pessoal retrô! - anunciou GEO, jogando-se numa cadeira giratória. - O futuro chegou, e eu sou o GEO - Generative Engine Optimization. Podem me chamar de revolução.

O silêncio que se seguiu foi ensurdecedor. SEO tirou os óculos lentamente, com aquela expressão que UX conhecia bem – a mesma que ele fazia quando alguém sugeria "comprar links de qualidade".

- Ah, chegou mais um "futuro" - disse SEO, com ironia afiada. - Deixe-me adivinhar: você veio me substituir, né?

GEO riu, balançando na cadeira:

- Não exatamente substituir, vovô. Mais como... aposentá-lo. Veja só - puxou o laptop e abriu uma apresentação flashy -, as pessoas não clicam mais em links. Elas querem respostas diretas do ChatGPT, do Gemini, do Perplexity. Eu otimizo para que as marcas apareçam DENTRO das respostas da IA. É o futuro, baby!

SEM assobiu:

- Cara, isso é interessante! Tipo, engagement direto sem clique? Curti a vibe!

ROI ergueu uma sobrancelha:

- Hmm. E o ROI disso? Volume de conversão? CAC? LTV?

- Ah, cara - GEO fez um gesto desdenhoso -, vocês ainda pensam em métricas antigas. Eu trabalho com "brand mentions", "AI citations", "visibility share"... É um paradigma completamente novo!

Foi quando SEO bateu o punho na mesa.

- NOVO?! - exclamou, levantando-se. - Moleque, você acha que eu nasci ontem? "Brand mentions"? Eu faço isso há 20 anos! "Citations"? Link building sem links, coisa que eu já sabia antes de você aprender a falar "algoritmo"!

UX tentou mediar:

- Pessoal, vamos manter a civilidade...

- NÃO! - SEO estava visivelmente alterado. - Toda semana aparece um pivete com uma sigla nova achando que inventou a roda! AEO, LLMO, SEO para IA... São todos vocês, fazendo a mesma coisa que eu sempre fiz, só que com nome diferente!

GEO cruzou os braços, defensivo:

- Você não entende, véio. As IAs funcionam diferente. Elas citam terceiros, não o seu site. Elas processam conteúdo de forma diferente. Elas...

- ELAS FAZEM O QUÊ?! - SEO explodiu. - Cara, para de falar besteira! As IAs usam web crawlers, respeitam robots.txt, têm dificuldade com JavaScript pesado, e dependem de conteúdo estruturado e autoritativo. É LITERALMENTE o que eu sempre fiz!

O clima estava tenso quando ROI pigarreou:

- Com licença, meninos. Posso ver os dados?

GEO e SEO se viraram para ele.

- Que dados? - perguntaram em uníssono.

ROI abriu sua pasta e espalhou relatórios na mesa:

- Dados reais. Janeiro a agosto de 2025: Google mantém 41,13% do tráfego de busca global. ChatGPT? 0,21%. - Olhou diretamente para GEO. - Jovem, você está falando de otimizar para 0,21% do mercado e ignorando os outros 41%.

GEO engoliu seco:

- Mas... mas é o futuro! É disruptivo!

- Futuro que ainda não chegou - continuou ROI, implacável. - E quando chegar, vai ser evolução, não revolução. Nossos dados internos mostram que visitantes de IA convertem 23 vezes mais, mas representam uma fração do volume. É complementar, não substituto.

UX aproveitou a pausa:

- Posso contribuir com uma perspectiva? - Todos se voltaram para ela. - Trabalhei com grandes marcas que testaram ambas as abordagens. Sabe o que descobri? Os mesmos princípios funcionam nos dois canais.

- Como assim? - perguntou GEO, curioso apesar do orgulho ferido.

- Conteúdo útil e bem estruturado - listou UX nos dedos. - Autoridade construída organicamente. Experiência técnica sólida. Foco em resolver problemas reais dos usuários. Tanto faz se o usuário está no Google ou no ChatGPT, ele quer a mesma coisa: informação relevante e confiável.

SEM, que havia ficado observando a discussão, levantou a mão:

- Posso dar um exemplo prático? - Todos concordaram. - Semana passada, criei um conteúdo sobre "melhor CRM para startups". Fiz research de palavras-chave clássico do SEO, estruturei com títulos claros, adicionei dados específicos, criei comparações detalhadas. Resultado: rankeia na primeira página do Google E aparece nas respostas do ChatGPT quando perguntam sobre CRMs.

- Exato! - SEO bateu na mesa, agora mais animado que irritado. - É isso que eu tento explicar! As técnicas são as mesmas, moleque. Você não criou nada novo, você só está aplicando SEO clássico em mais um canal!

GEO ficou em silêncio por um momento, processando. Finalmente, suspirou:

- OK, OK... talvez eu tenha chegado aqui meio... empolgado.

- "Meio"? - provocou SEM, rindo.

- Tá bom, MUITO empolgado - admitiu GEO. - Mas cara, vocês têm que concordar que monitorar esses novos canais é importante, né? Tipo, as métricas são diferentes, as ferramentas são outras...

ROI acenou com a cabeça:

- Concordo. Diversificação de canais é sempre inteligente. A questão é não abandonar o que já funciona por especulação.

UX sorriu:

- É como eu sempre digo: boa experiência é boa experiência, independente da interface. Se você cria conteúdo pensando no usuário, funciona em qualquer lugar.

SEO se recostou na cadeira, mais relaxado:

- Olha, GEO, não é que eu seja contra evolução. Eu só fico pistola com essa mania de criar sigla nova para tudo e sair por aí dizendo que "revolucionou" o mercado.

- E eu fico pistola - continuou - quando vem gente nova querendo descartar décadas de conhecimento acumulado como se fosse lixo. SEO não é só "aparecer nos links azuis do Google", cara. É construção de autoridade, é arquitetura de informação, é experiência do usuário, é análise de dados, é integração com PR, com CRO, com inteligência competitiva...

GEO coçou a cabeça:

- Quando você fala assim... realmente parece que eu estava reinventando a roda. - Estava - disse ROI, direto como sempre. - Mas não tem problema. Todo mundo já fez isso. O importante é aprender.

SEM se animou:

- Gente, que tal fazermos um teste? Vamos pegar um cliente real e aplicar estratégia integrada: SEO clássico + monitoramento de IA. E vemos o que acontece?

UX bateu palmas:

- Adorei! Podemos documentar todo o processo e criar um case study.

GEO se endireitou na cadeira:

- Posso ajudar com as ferramentas de monitoramento de citações em IA. Prometo não chegar dizendo que vou revolucionar nada.

SEO riu pela primeira vez na reunião:

- Pode ajudar, sim. Mas primeiro você vai aprender os fundamentos. Vai estudar como funciona autoridade de domínio, vai entender link building, vai aprender a fazer research de intenção de busca...

- Sério? - GEO pareceu genuinamente interessado.

- Sério. Porque se você vai trabalhar com otimização para IA, precisa entender como as IAs aprendem. E elas aprendem com os mesmos dados que os buscadores sempre usaram.

ROI fechou sua pasta:

- Perfeito. Resumindo nossa reunião: GEO integra à estratégia existente, não substitui. SEO continua como base, GEO adiciona canais. Foco no cliente, não nas siglas. Todos concordam?

- Concordo - disse UX.

- Concordo - disse SEM.

- Concordo - disse SEO.

Todos olharam para GEO.

- Concordo - disse ele, mais humilde. - E... desculpa pela prepotência, pessoal. Acho que me empolguei com o hype.

SEO deu um tapinha no ombro do jovem:

- Sem problema, moleque. Todo mundo já caiu nessa. O importante é que no final do dia, todos nós queremos a mesma coisa: ajudar o cliente a vender mais.

- E conseguir ROI positivo - complementou ROI.

- Com a melhor experiência possível - adicionou UX.

- E engagement de qualidade - finalizou SEM.

GEO sorriu:

- E presença onde o cliente estiver buscando soluções.

SEO acenou aprovando:

- Agora você entendeu.


Seis meses depois, a equipe integrada SEO+GEO da AgênciaDigital Corp havia se tornado referência no mercado. Não por criar uma "nova metodologia revolucionária", mas por aplicar fundamentos sólidos de forma consistente em todos os canais.

GEO havia aprendido que suas "inovações" eram, na verdade, evoluções naturais de práticas bem estabelecidas. SEO havia aprendido a monitorar novos canais sem paranoia. E todos haviam aprendido que, no final das contas, boa estratégia digital sempre foi sobre conhecer seu público, criar conteúdo valioso e estar presente no momento certo.

As siglas continuaram evoluindo - surgiram AEO 2.0, LLMO Pro e até um tal de "Quantum SEO". Mas nossa equipe não se deixou levar pelo hype.

Eles sabiam que, independente da sigla da moda, os princípios fundamentais permaneciam: conteúdo útil, experiência sólida, autoridade construída organicamente e foco no que realmente importa para o cliente.

E viveram estrategicamente para sempre.

Moral da história: No mundo das siglas digitais, a experiência vence o hype, a integração vence a substituição, e o bom senso vence a especulação. Não importa quantas siglas novas surjam - bom marketing sempre foi sobre conhecer seu público e entregar valor real.


Os Conceitos por Trás da História

SEO vs GEO: A Realidade dos Números

Nossa história ilustra uma discussão real do mercado. Vamos aos fatos:

O que é GEO (Generative Engine Optimization):

  • Otimização para aparecer em respostas de IAs conversacionais

  • Foco em menções de marca e citações, não apenas links

  • Aplicação dos fundamentos do SEO em novos canais

Por que GEO NÃO substitui SEO:

  • Google mantém 41,13% do tráfego vs 0,21% do ChatGPT

  • IAs dependem dos mesmos sinais de qualidade que buscadores tradicionais

  • Visitantes de IA convertem mais, mas representam volume menor

As 5 técnicas que funcionam em ambos:

  1. Conteúdo estruturado: Títulos claros, dados específicos, formato de perguntas/respostas

  2. Autoridade construída: Menções de terceiros, cobertura de PR, avaliações

  3. Experiência técnica: Site rápido, seguro, mobile-friendly

  4. Foco na intenção: Resolver problemas reais dos usuários

  5. Presença multiplataforma: YouTube, Reddit, listas do setor

A estratégia inteligente:

  • Manter SEO como base sólida

  • Adicionar monitoramento de citações em IA

  • Integrar, não substituir

  • Focar no ROI, não no hype

Como SEO veterano sempre dizia:

"Boa otimização é boa otimização, independente do canal."